Sabemos e vários estudos comprovam a importância do aleitamento materno para o desenvolvimento da criança, principalmente por ser rico em leucócitos e anticorpos que o protegem contra infecções e alergias, rico em fatores de crescimento que aceleram a maturação intestinal, também previnindo alergias e intolerâncias. É rico em vitamina A que previne e/ou reduz a gravidade de algumas infecções e previne doenças oculares causadas por sua deficiência.
A caseína contida no leite materno é extremamente importante por proteger as crianças contra infecções gastrintestinais, impedindo a adesão de más bactérias como a H. Pylori às células da mucosa intestinal humana, entretanto essa mesma associação não pode ser feita com a caseína presente no leite de vaca (1).
Nos acostmamos, após o desmame, a incluir o leite de vaca na alimentação esperando obter os mesmos ou similares benefícios encontrados no leite materno, entretanto devemos observar algumas diferenças importantes entre os dois tipos de leite e seu funcionamento no nosso organismo.
(Informações referentes às propriedades do leite materno estão disponíveis em URL http:// www.aleitamento.org.br/composi.htm )
(Algumas informações retiradas site http://www.denisecarreiro.com.br/artigos_artigoleite.html)
O MITO DO LEITE DE VACA

1. O que mais diferencia o leite de vaca do humano, e por isso mesmo mais transtornos pode causar ao ser humano, é a composição de proteínas e o desequilíbrio entre os minerais. As proteínas do leite humano são estruturais e qualitativamente diferentes das do leite de vaca. No leite humano, 80% do conteúdo proteico é de lactoalbumina. No leite de vaca esta mesma proporção é de caseína. A relação proteína do soro/caseína do leite humano é de 80/20, a do leite bovino é 20/80. A baixa concentração de caseína no leite humano resulta em uma formação de coalho gástrico mais leve, com flóculos de mais fácil digestão e com reduzido tempo de esvaziamento gástrico.
2. Além disso, o leite bovino contém a betalactoglobulina, uma proteína que não existe em leite humano e é comprovadamente a mais alergênica do leite de vaca para o ser humano, principalmente por não termos enzimas que digerem esta proteína.
3. Diversos estudos já demonstraram existir mais de 25 frações proteicas alergênicas em leite de vaca.
4. O leite humano também contém maiores quantidades de aminoácidos essenciais de alto valor biológico, como a cistina, e aminoácidos como a taurina que não tem em leite de vaca, e que são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso central.
5. Outro fator de desequilíbrio no leite bovino é a quantidade de cálcio que é 3 vezes maior que no leite materno, porém com desequilíbrio entre os minerais necessários para uma real utilização do cálcio, prejudicando sua biodisponibilidade.
6. O leite dos humanos foram feitos para os humanos, assim como o leite de vaca foi feito para os bezerros! Cada espécie de mamífero possui o seu leite com caracteristicas especificas para sua espécie, como dito anteriormente o leite de vaca possui 3 vezes mais proteínas que o leite humano e algumas nem são digeridas por nós, sobrecarregando nossos órgãos provocando distúrbios metabólicos
LEITE X OSTEOPOROSE
O leite de vaca possui 3 vezes mais proteína que o leite humano, sendo chamado por alguns estudiosos de “carne líquida”, porém acidifica o pH sangüíneo e sobrecarrega o rim, quando consumido em alta quantidade e, ao contrário do que se imagina, aumenta a excreção urinária de cálcio.
Isso ocorre porque o cálcio é um excelente neutralizador da acidez e o maior armazem de cálcio no corpo humano é o esqueleto. Assim, o mesmo cálcio que nossos ossos necessitam para manter-se fortes e saudáveis vai ser usado para neutralizar a acidez provocada pela ingestão de leite! Uma vez destacado dos ossos para equilibrar o pH, o cálcio é expelido pela urina causando um efeito surpreendentemente contrário ao que é referido pelas indústrias do leite e até mesmo por nós!
"Os maiores consumidores de leite do mundo (Austrália, Nova Zelândia, América do Norte e o Oeste Europeu) também têm a maior incidência de osteoporose e risco de fratura óssea!
Feskanich,D. Et al. Molk, dietary calcium and boné fractures in women: a 12-year prospective study. AJPH 87(1997):992-997.
O número de americanos diagnosticados com osteoporose aumentou 55% de 1995 a 2006.
US Departamento f Health and Human Services, Agency for healthcare Research and Quality, “Osteoporosis-linked fractures rise dramatically, “September 2009: ahrq.gov/research/sep09/0909RA36.htm
Osteoporose é uma doença pediátrica com consequências geriátricas. “Dr. Duane Alexander”
Estudos demonstram que leite de vaca não protege humanos contra fraturas ósseas do modo como nos foi ensinado. De fato, o alto consumo pode aumentar o risco de fratura.
Freskanich,D. et al. Milk, dietary calcium and boné fractures in women: a 12-year prospective study. AJPH 87 (1997): 992-997.
Uma avaliação de 58 estudos mostrou que não há relação entre consumo de leite, os níveis de cálcio e saúde óssea.
Lanou, A.J. et al. Dairy products and boné health in children and Young adults: A reevaluation of the evidence. Pediatrics 115 (2005): 736-43.; News Online, “Conventional wisdom on milk questionetd, “Mar.7,2005.
Nurses Healthy Study
77.761 mulheres com idade entre 30 e 45 anos foram acompanhadas por 12 anos.
Análise da dieta e fraturas de rádio e fêmur (ossos da perna e coxa)
Conclusão: Mulheres que ingeriram 2 ou mais copos de leite por dia tiveram mais fraturas que aquelas ingerindo um ou menos de um copo por semana.
Fekanich,D., Willet,W. Et al. Milk, dietary calcium and boné fractures in women: a 12-year prospective study. AJPH 87 (1997):992-7.
Estudos prospectivos de longo prazo
Conclusão: a ingestão de leite de vaca e a suplementação com, cálcio não mostraram nenhum benefício na prevenção de fraturas ósseas
Owusu,W; Sillet,W.C. et al. J Nutr. 1997:127:1782-7
Freskanich,D.; Willet,W.C. et al. Am J Public Health. 1997 Jun; 87(6):992-7
Freskanich,D.; Willet,W.C. et al. Am J Clin Nutr, 2003 Feb;77 (2):504-11."
O LEITE X ALERGIAS E SENSIBILIDADES
Essa relação até já é feita pela maior parte dos profissionais da área da saúde atentos às causas das doenças, porém costuma-se ligar mais a intolerância à lactose. Sem dúvida esta intolerância é comum e pode desencadear transtornos funcionais gastrintestinais locais e por conseqüência também sistêmicos. As alergias tardias se devem ao fato do organismo não digerir a beta-lactoglobulina. A caseína (80%), alfa-lactoalbumina e lactoglobulina são de dificuldade digestiva, principalmente a caseína.
As proteínas alergênicas dos lácteos provocam uma inflamação na mucosa intestinal causando alteração na permeabilidade da mesma, facilitando a passagem de macromoléculas e metais tóxicos, além de favorecer a má absorção de nutrientes, gerando uma síndrome de má absorção. Como a mucosa intestinal é produtora de substâncias como serotonina, hormônios, enzimas digestivas, sua alteração prejudicará as funções executadas por essas substâncias que seriam produzidas e liberadas para a circulação para uma ação no organismo.
Além disso, as macromoléculas que conseguiram atravessar esta mucosa intestinal alterada, podem provocar uma reação do organismo no sentido de combatê-las pois são entendidas como antígenos (substâncias estranhas ao organismo), necessitando ser eliminadas. Para isso, além da ação dos fagócitos, poderá existir a formação de anticorpos e estímulo do sistema do complemento, havendo liberação de histaminas, agregação plaquetária, além da produção de outras substâncias pró-inflamatórias como leucotrienos, citocinas etc (2). Todas estas reações em conjunto, podem desencadear sintomas em diversos órgãos alvo (órgão de choque), podendo se manifestar por alterações físicas, mentais e/ou emocionais.
Diversos estudos comprovaram a relação de alergia tardia (2,3) como otite, dermatite, rinite, sinusite, bronquite asmática, amigdalite, obesidade, aumento da resistência à insulina, aumento na formação de muco, gastrite, enterocolite, esofagite, refluxo, constipação intestinal, enxaqueca, fadigas inexplicáveis, artrite reumatóide, falta de concentração, hiperatividade, ansiedade e até mesmo depressão.
É importante entender que o processo alérgico tardio não se manifesta pela presença da substância alergênica e sim pelo consumo regular da mesma, normalmente em detrimento de uma nutrição adequada, gerando processos somatórios que favorecem o desencadeamento dos sintomas alergicos.
QUALIDADE DO LEITE DOS DIAS ATUAIS
As vacas leiteiras voltadas para a indústria recebem um hormônio chamado HBG utilizado para simular gravidez e então a lactação na vaca, para aumentar sua produção de leite (já que o consumo de leite mundial quadruplicou) e por causa disso elas acabam tendo muitas mastites e são tratadas com antibióticos durante a fase de ordenha, ou seja, nós também consumimos esses antibióticos.
É importante observar que não é por acaso que os países onde o consumo de laticínios per capita é alto, também são altos os índices de obesidade, câncer e osteoporose. O inverso é verdadeiro. Países com baixo consumo per capita de laticínios como Japão, China e outras regiões asiáticas, tem os menores índices de obesidade, câncer e osteoporose.
AS CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE NUTRIENTES
O pH normal do sangue varia entre 7,3 e 7,4, sendo levemente alcalino. É nesta faixa que as funções orgânicas podem ter um “ótimo” desempenho.
Pelo processamento que os alimentos sofrem durante a digestão, podem gerar substâncias alcalinizantes ou acidificantes.
São alcalinizantes as frutas, os legumes e as verduras, na sua maioria.
São acidificantes o leite, o açúcar, as carnes, a cafeína, as gorduras hidrogenadas, o álcool e aditivos químicos contidos em alimentos industrializados.
ENTÃO COMO OBTER CÁLCIO DE UMA MANEIRA BIODISPONÍVEL
Os vegetais verdes escuro possuem quase a mesma quantidade de cálcio biodisponível que o leite materno, e uma sinergia com os demais nutrientes necessários para sua biodisponibilidade.
 |
http://www.palavrademedico.com.br/tema08.htm |
Nem pense em consumir leite de soja (farei um post especial sobre a soja)! Os produtos a base de soja não são bem digeridos por nós, somente quando fermentados, fora que a soja para os homens funciona como fitoestrógena, aumentando a produção de estrogênio, e desregulando seus hormônios.
Como alternativas para o leite de vaca, temos os leites vegetais, bem fácies de serem feitos em casa e muito saborosos.
LEITES VEGETAIS
Lembrando que todos os grãos utilizados devem ficar de molho em água filtrada durante toda a noite para a retirada dos antinutrientes.
Leite de Amêndoas:
O leite de amêndoas é isento de glúten, rico em vitaminas, antioxidantes e minerais. A amêndoa é considerada fonte de proteína, e contém também as gorduras consideradas “do bem”. Comparada ao arroz ou aveia contém uma menor quantidade de carboidratos.
Ingredientes:
1 xicara de amendôas cruas, sem sal, deixadas de molho por 8 horas em água filtrada
800 mL de água filtrada ou mineral
Modo de preparo:
Despeje a água das amêndoas e numa bacia despeje água quente em cima delas para retirar a casquinha marrom (é celulose que não é digerida por nós e pode causar desconforto abdominal). Em seguida, coloque elas no liquidificador com a água mineral e bata até ficar bem homogêneo. Depois é só coar com um pano limpo ou uma peneira. Na geladeira dura até 5 dias.
O resíduo que sobra pode ser utilizado para fazer bolos, cookies, muffins... Não coloque fora. Se não for utilizar no dia, congele ele para usar mais tarde!
Muffins de Amêndoas
Ingredientes:
Resíduo de amêndoas
3 ovos
2 colheres de sopa de quinua em flocos
2 colheres de sopa de farinha de linhaça dourada
4 colheres de farinha de arroz (ou qualquer outra sem glúten)
4 colheres de sopa de açúcar mascavo (eu usei 2 colheres de açúcar de coco e 2 de mascavo)
1 pitada de sal e canela
1 colher de sopa de fermento em pó ou bicarbonato de sódio
Modo de preparo:
Numa vasilha coloque os ovos, bata-os com um fouet até ficarem com espuma e então acrescente o resíduo de amêndoas. Incorpore bem a mistura até ficar bem homogêneo. Depois acrescente os outros ingredientes e por último o fermento. Coloque em forminhas e forno pré-aquecido a 180 graus por 30 minutos. Rendem uns 10 muffins!
Dica: Depois de pronto coloque um pouco de mel em cima, gojiberries e granola para ficar crocantes!
Leite de Arroz Integral
Esse leite contém um pouco mais de carboidrato. Mas é uma excelente fonte de vitamina D e cálcio. A digestão se torna fácil, pois é livre de alergênicos e também porque tem quantidades menores de proteínas.
Ingredientes:
1 xicara de arroz integral
4 xicaras de água mineral
água para cozinhar o arroz
Modo de preparo:
O ideal é deixar o arroz de molho durante a noite, mas pode ser feito sem essa etapa. Cozinhe o arroz por 15 minutos, escorra a água do cozimento, coloque no liquidificador e acrescente as xícaras de água mineral e aperte a função pulsar até ficar bem homogêneo. Depois é só coar e está pronto!
Leite de Gergelim
Excelente para o funcionamento dos músculos e do cérebro, o gergelim é fonte de proteína, cálcio e ácido fólico, essencial para a formação das células sanguíneas
Ingredientes:
1/4 xicara de gergelim deixado de moolho por 8 horas
600 mL de água mineral
Modo de preparo:
Retirar a água que ficou de molho, colocar o gergelim no liquidificador juntamente com a água mineral e bater até ficar homogêneo. Coar e está pronto! O resíduo dele também pode ser utilizado para fazer receitas!
E você pode fazer também com castanhas, linhaça, aveia, quinoa, semente de abóbora, com o coco (ja passei a receita em posts anteriores!). Só lembrar de sempre deixar o grão ou semente de molho durante à noite!
REFERÊNCIAS
1- Stromqvist M, Falk P, Berstrom S, Hanson L, Lonnerdal B, Normark S, Hernell O - Human milk k-casein and inhibition of Helicobacter pylori adhesion to human gastric mucosa. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, 1995; 21: 228-298.
2- Brotoff, J, Gamlin, L. Food allergies and food intolerance. Bloomsbury: Vermont, 2000. 414p.
3- Gaby, A.R., M.D., The role of hidden food allergy/intolerance in chronic disease. Alt Med Rev, 1998; 3(2): 90-100.
4- Lin, R. Y., Schwartz, L. B., Curry, A. et al. Histamine and tryptase levels in patients with acute allergic reactions: Na emergency department-based study. J.Allergy Clin. Immunol. 106(1 Pt 1): 65-71, 2000.